quarta-feira, 30 de abril de 2008

Me dê motivo

Me dê motivo
Prá ir embora
Estou vendo a hora
De te perder
Me dê motivo
Vai ser agora
Estou indo embora
O que fazer?...
Estou indo embora
Não faz sentido
Ficar contigo
Melhor assim
É nessa hora
Que o homem chora
A dor é forte
Demais prá mim...
-"já que você quis assimtudo bem
cada um pro seu ladoa vida é isso mesmo
eu vou procurar e sei que vou encontrar
alguém melhor que você
espero que seja felizno seu novo caminho
ficar com contigo não faz sentido
melhor assim
"Me dê motivo
Foi jogo sujo
E agora eu fujo
Prá não sofrer
Fui teu amigo
Te dei o mundo
Você foi fundo
Quis me perder..
Agora é tarde
Não tem mais jeito
E o teu defeito
Não tem perdão
Eu vou à luta
Que a vida é curta
Não vale a pena
Sofrer em vão...
Pode crer você pôs tudo a perder
Não podia me fazer o que fez
E por mais que você tente negar
Me dê motivo!
Pode crer eu vou sair por aí
E mostrar que posso ser bem feliz
Encontrar alguém que saiba me dá
Me dá motivo
Me dá motivo!...

Incompatibilidade de certezas





"A noite está estrelada,e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.

Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.

Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Pensar que não a tenho.

Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa,

mais imensa sem ela.

E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.

A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta.

Ao longe.

A minha alma não se contenta com havê-la perdido.

Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.

O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.

Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.

Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro.

Será de outro.

Como antes dos meus beijos.

A voz, o corpo claro.

Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.

É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,

a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa,

e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo".




Pablo Neruda