Buscava sua imagem no espelho da memória, abria os olhos e na lâmina d'água observava sua imagem em minha retina... E assim os dias foram passando, vendo sua imagem na minha própria sombra, recordando de sua voz desafinada a cada música, sentindo seu cheiro em todos os lugares, sobretudo quando em meio a um jardim andei, foi lá que eu cai, deitado na verde grama fitava o céu, as nuvens lembravam seu rosto, o brilho do sol seu olhar, e o vendo que passava ao mesmo tempo retirava o perfume das flores muito parecido ao seu suor quando abraçados ficávamos, murmurava ao balançar a relva o murmurio, como aqueles em que você em meu ouvido falava.
A borboleta voou partindo da queda em uma linda flor, antes dela observei formiguinhas caminhando com enormes folhas caídas também de uma árvore enorme, justamente aquela responsável pelo sustento da memória, curiosamente percebi nas folhas e imagem refletida de tudo que vivemos, caídas no pequeno lago flutuavam na incerteza de não saber em qual das margens repousaria, ocorre um infinito de possibilidade quando o vento que as derruba não é nada menos que o vento, vc é o meu vento.
Em meio a estas folhas e flores caídas, sob um céu azul repleto de nuvens e pássaros, onde as borboletas cruzavam o horizonte com a lentidão semelhante ao que acontece quando estamos juntos, os minutos paravam na imensidão de seus olhos e na timidez exalada ao perceber que os meus olhos viram os seus repousarem em meus lábios, a espera de um beijo enorme, novamente congelando o tempo, acordando e percebendo o voar das horas.
Seria absolutamente tão fácil imaginar a beleza de um jardim secreto somente a nós confiada suas chaves de abertura, onde em um banquinho de praça esperaríamos um ao outro reusando na mata verde delicadamente coberta por orvalho, sassiando nossa cede um do outro.
Pena ser vc uma linda imagem da memória, queria por vezes fazer dela um momento menos mágico porém mais intensamente verdadeiro.