quarta-feira, 4 de junho de 2008

O corcel fantasma cavalgando no monte ilusório colorido por seus olhos.



Houve um tempo em que fechando os olhos
éramos transportados para um mundo colorido.
As cinzas caindo do céu transmutavam-se em gélidas gotas de perfume
e o vento sussurrava doces canções a ninar a mente.
O sol não mais ardia, clareava tão somente o dia que era límpido
onde as estrelas maiores não eram fixas
aos meus olhos saltavam, sem destino certo
no abismo das incertezas.

As ondas do mar já não quebravam no costão rochoso,
contrariando a lógica transformavam-se em gotículas
a salpicar nosso corpo abrigo sobre a pedra.
Neste instante os olhos fitavam o horizonte,
onde barcos a deriva percorriam a escuridão do imenso desconhecido,
a clonar exatamente a profundidade de seu olhar...
Eu me perdi.

Curiosamente não havia questionamento,
não havia o contar do tempo e o soprar do vento,
não havia a condição ou a contradição,
só mãos juntas repousando sobre o nosso mundo.
Mundo este em que seu destino era o meu, e o meu o seu
destino nada calculado, nem tão pouco temido,
medido e sentido sob contornos espaciais ilógicos de infinito.
O infinito eram as curvas do seu corpo,
corpo este a se chocar com o meu ao sabor das ondas.

Pegamos aquele barco em pensamento navegamos
não havia vela nem remo,
nem espaço e nem tempo
nem vendo e sequer pensamento
sem lenço ou documento,
percorríamos as horas
em barco fantasma na imensidão do mar sem fim.

O tempo era o infinito,
o horizonte comprido,
a terra fofa, fina e limpa
onde castelos fizemos e moramos
medievais eram os segundos
onde com espada e escudo protegia o jardim
jardim este dono de uma flor
a colhi em seus lábios.

Seu néctar era doce,
doce como algodão-doce
seu beijo era molhado,
não era um pecado
não tinha começo ou fim
tão somente era mensurado
sob régua de um apaixonado.