segunda-feira, 7 de abril de 2008

Voo noturno de uma mente que te espera




Quando cheguei em casa aquela noite rapidamente um banho tomei e fiquei a espera daquele seu telefonema confirmando a hora e o local que não veio. Minutos antes havia me ligado prometendo inúmeros momentos de felicidade e romantismo, agora estou aqui a sua espera.

Sai de casa apressado em busca de seu olhar em uma das esquinas perto de casa, corri no escuro e com medo por ruas onde a luz da lua não iluminava, percorri aquelas vielas criadas pela minha mente com a esperança latente de te encontrar ao término de cada curva, no horizonte obscuro de cada nova travessa.

Foi triste, lentamente os segundos foram me dando a certeza que não mais aquela noite sentiria seu abraço, o sabor de seus beijos e as palavras alegóricas e melódicas me dizendo que fui o único beijado com vontade. Pura ilusão minha, mas era e é uma ilusão tão doce.

Sentado no banco da praça imaginava uma pessoa a esperar alguem que certamente não mais naquela noite chegaria, tristemente esta pessoa imaginada era eu mesmo. E mesmo após tamanha falta e de já saber de sua ausência mais uma vez por aquela noite continuei a esperar, percorri telefones públicos discando números que me pareciam seus, consumindo meus minutos e os tornando uma eternidade sem fim, ligando e desligando o celular com a certeza incerta de vc ter me ligado e uma falta de sinal ter camuflado.

Na rua de trás a minha casa ha várias árvores, bem aonde entrei em seu carro aquele dia em que ficamos após horas de macarronada e risoles, andando novamente por alí com esperanças de te encontrar por acaso a minha espera observei que voavam morcegos por sobre as árvores, então resolvi sentar na calçada e ficar olhando, meus olhos já estavam cansados e ensaiavam o deslizar de pequenas lágrimas, animais medonhos era o que pensava, em segundos percebi que mesmo sendo bem feios fazem parte de um contexto: Comem as frutas e eliminam as sementes, sendo responsáveis pelo nascimento de inúmeras outras árvores lindas ao meus olhos e certamente aos seus.

E voavam meio descompassados, chegava a ser bonito, um deles se chocou a parede de uma casa e não conseguia voar, logo o peguei, meio com medo claro, e percebi que não passavam de animais, lindos animais, como eu ou como vc, simplesmente estávamos vivendo, e não poderiam causar mal algum.

Saí dali com a certeza de que não mais o veria aquela noite, andei mais um pouco pelo curto movimento de pessoas que longe dali conversavam, um carro passou e dentro dele percebi inúmeros conhecidos meus, fiz de conta que não os ví, poderia entrar no carro e sair com eles, me divertir, te esquecer, mas não era o que eu queria, eu queria mesmo era chorar.

Cheguei em casa, joguei tudo que vestia no chão, caí na cama e fiquei vendo tv, vendo imagens por que não ouvia nada, só percebia que lágrimas rolavam e pequenos e melancólicos momentos me faziam me sentir um idiota. Uma almofada foi minha companheira aquela noite.

No dia seguinte não bastando o seu silencio, telefonei e vc me disse que chegou em casa com sono e não lembrou de mim, caiu na cama e dormiu, enquando eu na rua e no frio te esperava, foi duro ouvir, mas ouvi, engavetei os sentimentos e percebi ser eu mesmo o causador do mal, afinal não se tem notícia de um amor real entre sol e lua, se encontram raramente, e nosso encontro eclipse já havia acontecido, nem por voos desconcertantes de morcegos ou por sombras em paredes em uma noite retornaria a ocorrer, sobretudo em curto tempo, a verdade é que mesmo sabendo que vc jamais seria fácil, acreditei que seria fácil a mim te conquistar.

Agente sempre acha que sabe das coisas, sempre acredita que pode fazer as pessoas gostarem da gente, acreditei que vc pudesse gsostar de mim, acabei como o morcego, decorando a rua com lindas árvores pra vc me notar enquanto que bati com a cara na parede e desacordado ficava a espera de recuperar a capacidade de defesa, defesa contra o mal que é não saber por quais ruas percorrer quando na escuridão se quer encontrar alguem que ao seu lado sonha-se colocar.